O MAPA DAS EMOÇÕES E A MEDITAÇÃO SOBRE A COMPAIXÃO - O CALOROSO REENCONTRO ENTRE SUA SANTIDADE O DALAI LAMA E SEU VELHO AMIGO PAUL EKMAN
Sua Santidade o Dalai Lama e Paul Ekman
O Mapa das Emoções e a Meditação sobre a Compaixão
O céu estava nublado naquela manhã, mas ocorria um caloroso reencontro entre Sua Santidade o Dalai Lama e seu velho amigo Paul Ekman. Acompanhado de sua filha Eve, de sua esposa Mary Ann Mason e de Eric Rodenback, Ekman veio para relatar o progresso na criação de um Mapa de Emoções. Sua Santidade iniciou a conversa:
“Nosso foco deve ser todos os 7 bilhões de seres humanos que vivem hoje neste planeta, cada um deles querendo ter uma vida feliz. Estamos tentando fazer com que saibam que a felicidade não é totalmente dependente de dinheiro e de coisas materiais, mas sim de valores internos como a compaixão, sem que precisem ter uma crença religiosa. Estamos tentando adotar uma abordagem secular, que possa atingir todos os seres humanos.”
“Nesse esforço, eu valorizo especialmente os cientistas, porque eles tendem a ser movidos unicamente pela experiência e por evidências. Nós devemos fundamentar a promoção dos valores seculares na nossa experiência comum de termos nascido e de termos sido criados sob o abrigo do carinho dos nossos pais; no senso comum, tais como o de observar que as pessoas que facilmente cedem à raiva não são felizes; e em evidências científicas que revelam a importância de valores internos como a compaixão. Pode ser que você tenha embarcado sozinho nesse seu trabalho, mas agora há muitos outros que buscam isso também.”
Ekman respondeu: “Você me disse que precisávamos de um mapa das emoções e eu avaliei o trabalho de 250 cientistas que estudam as emoções. Identificamos cinco emoções fundamentais: prazer, raiva, medo, tristeza e aversão. Queremos mostrar como elas funcionam, como as emoções podem nos ajudar, mas também como podem nos trazer problemas.”
Ekman explicou que para este mapa das emoções, apresentado como um modelo de computador, as emoções foram identificadas da maneira como são geralmente definidas em inglês. Ele reconheceu que há emoções que não são nomeadas em Inglês como “schadenfreude” – ter prazer com o desconforto de alguém de quem não gostamos – e “naches“, termo em iídiche que se refere ao orgulho e a alegria que os pais sentem por seus filhos. Ele afirmou que em essa tarefa de delinear e esclarecer as emoções destrutivas e construtivas e as emoções associadas não havia sido tentada em lugar algum. Sua Santidade concordou que as emoções não surgem isoladamente, mas em relação a outras emoções.
Eve Ekman descreveu a linha do tempo empregada no mapa, que inclui a avaliação, os gatilhos emocionais e a maneira como reagimos a eles. Paul Ekman esclareceu que a consciência dos gatilhos emocionais não surge naturalmente, mas é uma habilidade que pode ser cultivada. Ele contou que um de seus gatilhos para irritação e raiva pode ser uma pessoa lhe dizendo o que ele deve fazer. É possível tomar consciência da faísca antes que ela se transforme em chamas. Essa consciência é algo que precisa ser desenvolvido. Sua Santidade concordou com este ponto, citando a observação de Shantideva de que precisamos lidar com a raiva quando ainda está na fase de frustração, e não depois de ter se incendiado.
Eve Ekman disse a Sua Santidade que é necessário saber como criar a calma, como alcançar a paz. As pessoas precisam saber que isso é importante. Paul Ekman sugeriu que há uma serenidade dinâmica que pode nos ajudar a mudar o que está acontecendo. Sua Santidade concordou que podemos nos irritar facilmente, mas que podemos aprender a lidar com isso. Podemos aprender a manter a calma diante de um desafio. Nós podemos, por assim dizer, tomar uma posição e manter a tranquilidade. Ele ressaltou que a inteligência humana nos permite avaliar os nossos interesses a curto e a longo prazos, o que neste caso é útil.
“As práticas indianas e budistas antigas, como por exemplo, concentrar a atenção na respiração, inspirar e expirar, cria uma pausa para a mente. No entanto, isso pode não ajudar muito se apenas uma das partes de uma discussão criar essa pausa. ”
Ekman respondeu que uma regra útil ao treinar crianças é dizer que durante um conflito, se uma das partes der uma pausa, ambas devem parar de discutir.
Quando a apresentação terminou, Sua Santidade elogiou o mapa de emoções como uma grande inovação.
“É maravilhoso e inteligente. O mapa nos permite compartilhar a compreensão de como as emoções destrutivas podem ser prejudiciais. ”
Paul Ekman perguntou Sua Santidade de onde veio a ideia de construir um mapa das emoções e Sua Santidade disse que quando se vai a algum lugar novo, um mapa ajuda a encontrar o caminho de volta. Esse mapa pode nos ajudar a explicar como as emoções construtivas são úteis e o quanto as emoções destrutivas podem trazer prejuízos.
O encontro terminou com uma breve síntese das pesquisas que a equipe ainda pretende fazer. Isso inclui incorporar o humor ao mapa e uma exploração da violência crônica envolvendo a análise do humor, da personalidade e da psicopatologia. Eles querem traduzir todo o projeto para o espanhol, que é a segunda língua falada nos Estados Unidos, e criar uma versão completa que pode ser consultada sem conexão à internet.
Após o almoço, Sua Santidade foi levado ao Rancho Las Lomas, no interior da Califórnia, região selvagem e aberta, a convite do Projeto Peak Mind para falar sobre meditação. Ele foi apresentado a um público atento de cerca de 400 pessoas pelo ator e ativista social Forest Whitaker, que primeiramente cantou “Parabéns pra Você” frente a um bolo de aniversário oferecido a Sua Santidade. Ele incluiu Sua Santidade entre aqueles que, como Martin Luther King Jr, Nelson Mandela e Madre Teresa, nos ajudam a compreender melhor que somos todos iguais.
Antes de convidar Sua Santidade para falar, o organizador Michael Trainer pediu ao músico Tim Fain para prestar um tributo a Sua Santidade com seu violino.
“Irmãos e irmãs”, disse Sua Santidade, “Estou realmente muito feliz por estar aqui. Nos últimos dias estive nas grandes cidades; aqui estamos em uma região bastante remota, entre árvores e uma vegetação que nos fazem sentir mais próximos da natureza. Em nossos grandes edifícios urbanos temos flores e árvores artificiais para nos sentirmos confortáveis, aqui elas são de verdade. Agradeço por seus bons votos para o meu aniversário, mas eu gosto de pensar que cada novo dia é como como um aniversário. É um dia em que celebramos com alegria, e isso é uma indicação de que o objetivo das nossas vidas é sermos felizes. Combinar a nossa inteligência com o calor humano pode ser útil e construtivo.
“Geralmente buscamos o prazer através da experiência sensorial, mas enquanto a experiência sensorial de paisagens e sons agradáveis é passageira – dura apenas o tempo em que o estímulo está presente – a nossa experiência mental permanece conosco 24 horas por dia. Quando a música de que gostamos para de tocar, nosso prazer passa a ser apenas uma memória. Já que temos este cérebro maravilhoso, precisamos prestar mais atenção à nossa experiência mental.”
Ele explicou que para treinar e acalmar a mente, podemos escolher um objeto para focar. Pode ser algo como uma flor, uma ideia atraente ou até mesmo a própria mente. Embora seja mais difícil, disse ele, é mais útil e mais eficaz meditar sobre a própria mente. Se aprendermos a nos desprender da atividade sensorial, poderemos vislumbrar uma espécie de ausência. Pode ser breve, mas poderá nos dar uma ideia da claridade da mente. Não é fácil desenvolver uma apreciação do que a mente realmente é, mas é possível. No entanto, isso leva tempo, algo que as pessoas modernas que querem ter tudo imediatamente podem achar difícil.
Sua Santidade também mencionou a meditação analítica – refletir sobre temas como a impermanência.
“As árvores se modificam ao longo das estações e, da mesma forma, tudo também se modifica. Nós podemos examinar e analisar esse fenômeno. Ganhamos compreensão ao ouvirmos sobre alguma coisa, pensando sobre ela até que ganhemos convicção e experiência. Acho que a meditação analítica pode ser útil em qualquer situação. A maioria dos problemas que enfrentamos derivam da nossa incapacidade de compreender a realidade. A meditação analítica nos permite corrigir isso.”
“Depois, vem a questão de desenvolvermos interesse pelos outros. Nós todos temos uma semente natural de afeto dentro de nós, plantada pelo carinho que recebemos de nossos pais. Nós podemos cultivá-la para que ela alcance, não apenas os nossos parentes próximos e amigos, como também todos os 7 bilhões de seres humanos. Os problemas surgem quando nos debruçamos sobre as diferenças que há entre nós, que têm uma importância secundária. Em vez disso, precisamos nos lembrar que nós, seres humanos, somos basicamente todos iguais. Se fizermos isso, reforçaremos a nossa preocupação com os outros e com este planeta, que é nossa única casa.”
Ele sugeriu meditarmos juntos durante cinco minutos, cultivando o cuidado com o outro, olhar para baixo, mas não necessariamente fechados. Ele recomendou também que iniciássemos acalmando a mente agitada, focando na respiração, observando o abdômen subindo e descendo.
Passados os cinco minutos, Sua Santidade ressaltou que “shamatha” ou meditação tranquilizadora, e “vipassana”, ou meditação do insight, são comumente encontrados em muitas tradições indianas. Ele disse que também ouviu dizer que essas práticas também podem ser encontradas entre os monges em partes remotas da Igreja Ortodoxa Grega.
Entre as questões da plateia, foi perguntado o que ele quer dizer quando fala de amor e ele mencionou a proximidade que sentimos um pelo outro. Ele traçou uma analogia com a maneira como as crianças brincam com outras de forma calorosa e aberta, sem nenhuma preocupação com a religião, a raça ou de onde a outra criança vêm. Ele observou que a educação moderna parece mudar isso.
Convidado a explicar como tomar decisões difíceis, Sua Santidade respondeu que é preciso usar a inteligência movida pelo calor humano. Agir por compaixão nos mantém honestos e verdadeiros. Quando questionado sobre como ele se sente sendo o foco da atenção de milhões de pessoas, ele explicou que sempre pensa em si mesmo como apenas um outro ser humano. Pensando dessa forma a respeito de si mesmo, ele se sente rodeado de amigos, relaxado e à vontade.
Sobre meditação, ele disse que por ter imenso efeito sobre nossas emoções destrutivas, essa prática pode transformar nossas vidas. Perguntado, se caso ele pudesse fazer um pedido, qual seria esse pedido, ele respondeu:
“Que o mundo possa ser feliz, que a humanidade possa ser feliz. E a chave para isso é aprender a lidar com as nossas emoções.”
Quando a sessão chegou ao fim, Aloe Blacc, músico e rapper cantou que o amor é a resposta. Michael Trainer agradeceu Sua Santidade novamente por sua presença e agradeceu a todos haviam contribuído para que o evento fosse possível. Sua Santidade encerrou observando que a mudança do mundo começa com os indivíduos, sem que seja necessário esperar por instruções da ONU ou da Casa Branca, e pediu a todos que pensassem novamente sobre tudo o que tinham ouvido.
Tradução livre de Jeanne Pillihttp://dalailama.com/news/post/1293-map-of-emotions-and-meditation-on-compassion
Fonte:http://equilibrando.me/2015/07/17/o-mapa-das-emocoes-e-a-meditacao-sobre-a-compaixao/
“Nosso foco deve ser todos os 7 bilhões de seres humanos que vivem hoje neste planeta, cada um deles querendo ter uma vida feliz. Estamos tentando fazer com que saibam que a felicidade não é totalmente dependente de dinheiro e de coisas materiais, mas sim de valores internos como a compaixão, sem que precisem ter uma crença religiosa. Estamos tentando adotar uma abordagem secular, que possa atingir todos os seres humanos.”
“Nesse esforço, eu valorizo especialmente os cientistas, porque eles tendem a ser movidos unicamente pela experiência e por evidências. Nós devemos fundamentar a promoção dos valores seculares na nossa experiência comum de termos nascido e de termos sido criados sob o abrigo do carinho dos nossos pais; no senso comum, tais como o de observar que as pessoas que facilmente cedem à raiva não são felizes; e em evidências científicas que revelam a importância de valores internos como a compaixão. Pode ser que você tenha embarcado sozinho nesse seu trabalho, mas agora há muitos outros que buscam isso também.”
Ekman respondeu: “Você me disse que precisávamos de um mapa das emoções e eu avaliei o trabalho de 250 cientistas que estudam as emoções. Identificamos cinco emoções fundamentais: prazer, raiva, medo, tristeza e aversão. Queremos mostrar como elas funcionam, como as emoções podem nos ajudar, mas também como podem nos trazer problemas.”
Ekman explicou que para este mapa das emoções, apresentado como um modelo de computador, as emoções foram identificadas da maneira como são geralmente definidas em inglês. Ele reconheceu que há emoções que não são nomeadas em Inglês como “schadenfreude” – ter prazer com o desconforto de alguém de quem não gostamos – e “naches“, termo em iídiche que se refere ao orgulho e a alegria que os pais sentem por seus filhos. Ele afirmou que em essa tarefa de delinear e esclarecer as emoções destrutivas e construtivas e as emoções associadas não havia sido tentada em lugar algum. Sua Santidade concordou que as emoções não surgem isoladamente, mas em relação a outras emoções.
Eve Ekman descreveu a linha do tempo empregada no mapa, que inclui a avaliação, os gatilhos emocionais e a maneira como reagimos a eles. Paul Ekman esclareceu que a consciência dos gatilhos emocionais não surge naturalmente, mas é uma habilidade que pode ser cultivada. Ele contou que um de seus gatilhos para irritação e raiva pode ser uma pessoa lhe dizendo o que ele deve fazer. É possível tomar consciência da faísca antes que ela se transforme em chamas. Essa consciência é algo que precisa ser desenvolvido. Sua Santidade concordou com este ponto, citando a observação de Shantideva de que precisamos lidar com a raiva quando ainda está na fase de frustração, e não depois de ter se incendiado.
Eve Ekman disse a Sua Santidade que é necessário saber como criar a calma, como alcançar a paz. As pessoas precisam saber que isso é importante. Paul Ekman sugeriu que há uma serenidade dinâmica que pode nos ajudar a mudar o que está acontecendo. Sua Santidade concordou que podemos nos irritar facilmente, mas que podemos aprender a lidar com isso. Podemos aprender a manter a calma diante de um desafio. Nós podemos, por assim dizer, tomar uma posição e manter a tranquilidade. Ele ressaltou que a inteligência humana nos permite avaliar os nossos interesses a curto e a longo prazos, o que neste caso é útil.
“As práticas indianas e budistas antigas, como por exemplo, concentrar a atenção na respiração, inspirar e expirar, cria uma pausa para a mente. No entanto, isso pode não ajudar muito se apenas uma das partes de uma discussão criar essa pausa. ”
Ekman respondeu que uma regra útil ao treinar crianças é dizer que durante um conflito, se uma das partes der uma pausa, ambas devem parar de discutir.
Quando a apresentação terminou, Sua Santidade elogiou o mapa de emoções como uma grande inovação.
“É maravilhoso e inteligente. O mapa nos permite compartilhar a compreensão de como as emoções destrutivas podem ser prejudiciais. ”
Paul Ekman perguntou Sua Santidade de onde veio a ideia de construir um mapa das emoções e Sua Santidade disse que quando se vai a algum lugar novo, um mapa ajuda a encontrar o caminho de volta. Esse mapa pode nos ajudar a explicar como as emoções construtivas são úteis e o quanto as emoções destrutivas podem trazer prejuízos.
O encontro terminou com uma breve síntese das pesquisas que a equipe ainda pretende fazer. Isso inclui incorporar o humor ao mapa e uma exploração da violência crônica envolvendo a análise do humor, da personalidade e da psicopatologia. Eles querem traduzir todo o projeto para o espanhol, que é a segunda língua falada nos Estados Unidos, e criar uma versão completa que pode ser consultada sem conexão à internet.
Após o almoço, Sua Santidade foi levado ao Rancho Las Lomas, no interior da Califórnia, região selvagem e aberta, a convite do Projeto Peak Mind para falar sobre meditação. Ele foi apresentado a um público atento de cerca de 400 pessoas pelo ator e ativista social Forest Whitaker, que primeiramente cantou “Parabéns pra Você” frente a um bolo de aniversário oferecido a Sua Santidade. Ele incluiu Sua Santidade entre aqueles que, como Martin Luther King Jr, Nelson Mandela e Madre Teresa, nos ajudam a compreender melhor que somos todos iguais.
Antes de convidar Sua Santidade para falar, o organizador Michael Trainer pediu ao músico Tim Fain para prestar um tributo a Sua Santidade com seu violino.
“Irmãos e irmãs”, disse Sua Santidade, “Estou realmente muito feliz por estar aqui. Nos últimos dias estive nas grandes cidades; aqui estamos em uma região bastante remota, entre árvores e uma vegetação que nos fazem sentir mais próximos da natureza. Em nossos grandes edifícios urbanos temos flores e árvores artificiais para nos sentirmos confortáveis, aqui elas são de verdade. Agradeço por seus bons votos para o meu aniversário, mas eu gosto de pensar que cada novo dia é como como um aniversário. É um dia em que celebramos com alegria, e isso é uma indicação de que o objetivo das nossas vidas é sermos felizes. Combinar a nossa inteligência com o calor humano pode ser útil e construtivo.
“Geralmente buscamos o prazer através da experiência sensorial, mas enquanto a experiência sensorial de paisagens e sons agradáveis é passageira – dura apenas o tempo em que o estímulo está presente – a nossa experiência mental permanece conosco 24 horas por dia. Quando a música de que gostamos para de tocar, nosso prazer passa a ser apenas uma memória. Já que temos este cérebro maravilhoso, precisamos prestar mais atenção à nossa experiência mental.”
Ele explicou que para treinar e acalmar a mente, podemos escolher um objeto para focar. Pode ser algo como uma flor, uma ideia atraente ou até mesmo a própria mente. Embora seja mais difícil, disse ele, é mais útil e mais eficaz meditar sobre a própria mente. Se aprendermos a nos desprender da atividade sensorial, poderemos vislumbrar uma espécie de ausência. Pode ser breve, mas poderá nos dar uma ideia da claridade da mente. Não é fácil desenvolver uma apreciação do que a mente realmente é, mas é possível. No entanto, isso leva tempo, algo que as pessoas modernas que querem ter tudo imediatamente podem achar difícil.
Sua Santidade também mencionou a meditação analítica – refletir sobre temas como a impermanência.
“As árvores se modificam ao longo das estações e, da mesma forma, tudo também se modifica. Nós podemos examinar e analisar esse fenômeno. Ganhamos compreensão ao ouvirmos sobre alguma coisa, pensando sobre ela até que ganhemos convicção e experiência. Acho que a meditação analítica pode ser útil em qualquer situação. A maioria dos problemas que enfrentamos derivam da nossa incapacidade de compreender a realidade. A meditação analítica nos permite corrigir isso.”
“Depois, vem a questão de desenvolvermos interesse pelos outros. Nós todos temos uma semente natural de afeto dentro de nós, plantada pelo carinho que recebemos de nossos pais. Nós podemos cultivá-la para que ela alcance, não apenas os nossos parentes próximos e amigos, como também todos os 7 bilhões de seres humanos. Os problemas surgem quando nos debruçamos sobre as diferenças que há entre nós, que têm uma importância secundária. Em vez disso, precisamos nos lembrar que nós, seres humanos, somos basicamente todos iguais. Se fizermos isso, reforçaremos a nossa preocupação com os outros e com este planeta, que é nossa única casa.”
Ele sugeriu meditarmos juntos durante cinco minutos, cultivando o cuidado com o outro, olhar para baixo, mas não necessariamente fechados. Ele recomendou também que iniciássemos acalmando a mente agitada, focando na respiração, observando o abdômen subindo e descendo.
Passados os cinco minutos, Sua Santidade ressaltou que “shamatha” ou meditação tranquilizadora, e “vipassana”, ou meditação do insight, são comumente encontrados em muitas tradições indianas. Ele disse que também ouviu dizer que essas práticas também podem ser encontradas entre os monges em partes remotas da Igreja Ortodoxa Grega.
Entre as questões da plateia, foi perguntado o que ele quer dizer quando fala de amor e ele mencionou a proximidade que sentimos um pelo outro. Ele traçou uma analogia com a maneira como as crianças brincam com outras de forma calorosa e aberta, sem nenhuma preocupação com a religião, a raça ou de onde a outra criança vêm. Ele observou que a educação moderna parece mudar isso.
Convidado a explicar como tomar decisões difíceis, Sua Santidade respondeu que é preciso usar a inteligência movida pelo calor humano. Agir por compaixão nos mantém honestos e verdadeiros. Quando questionado sobre como ele se sente sendo o foco da atenção de milhões de pessoas, ele explicou que sempre pensa em si mesmo como apenas um outro ser humano. Pensando dessa forma a respeito de si mesmo, ele se sente rodeado de amigos, relaxado e à vontade.
Sobre meditação, ele disse que por ter imenso efeito sobre nossas emoções destrutivas, essa prática pode transformar nossas vidas. Perguntado, se caso ele pudesse fazer um pedido, qual seria esse pedido, ele respondeu:
“Que o mundo possa ser feliz, que a humanidade possa ser feliz. E a chave para isso é aprender a lidar com as nossas emoções.”
Quando a sessão chegou ao fim, Aloe Blacc, músico e rapper cantou que o amor é a resposta. Michael Trainer agradeceu Sua Santidade novamente por sua presença e agradeceu a todos haviam contribuído para que o evento fosse possível. Sua Santidade encerrou observando que a mudança do mundo começa com os indivíduos, sem que seja necessário esperar por instruções da ONU ou da Casa Branca, e pediu a todos que pensassem novamente sobre tudo o que tinham ouvido.
Tradução livre de Jeanne Pillihttp://dalailama.com/news/post/1293-map-of-emotions-and-meditation-on-compassion
Fonte:http://equilibrando.me/2015/07/17/o-mapa-das-emocoes-e-a-meditacao-sobre-a-compaixao/
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