14º Dalai Lama
O décimo quarto Dalai Lama ( nome religioso : Tenzin Gyatso , encurtado de Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang ( / d ɑː l aɪ l ɑː m ə / ( EUA ), / ˌ d æ l aɪ l ɑː m ə / [1] Dalai Lamas são monges importantesda escola de Gelug , a escola a mais nova do budismo tibetano [2] que nominal é dirigida pelo Ganden Desde o tempo do V Dalai Lama até 1659, o governo central do Tibet, o Ganden Phodrang , investiu a posição do Dalai Lama com deveres temporais.
O 14º Dalai Lama nasceu na aldeia de Taktser , Amdo , no Tibete (administrativamente na província de Qinghai , República da China ), e foi selecionado como o tulku do 13º Dalai Lama em 1937 e formalmente reconhecido como o 14º Dalai Lama em Uma declaração pública perto da cidade de Bumchen em 1939. Sua cerimônia de entronização como o Dalai Lama foi realizada em Lhasa em 22 de fevereiro de 1940, e ele assumiu direitos temporais (políticos) em 17 de novembro de 1950, aos 15 anos , Depois da invasão do Tibete pela República Popular da China . O governo da escola de Gelug administrou uma área aproximadamente correspondente à região autônoma de Tibet apenas enquanto o PRC nascente desejou afirmar o controle central sobre ele.
Durante a revolta tibetana de 1959 , o Dalai Lama fugiu para a Índia , onde vive atualmente como refugiado. O 14º Dalai Lama recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1989. Viajou pelo mundo e falou sobre o bem-estar dos tibetanos , ambiente , economia , direitos das mulheres , não violência , diálogo inter-religioso , física , astronomia , budismo e ciência , neurociência cognitiva , Saúde reprodutiva e sexualidade , juntamente com vários tópicos Mahayana e Vajrayana .
O Dalai Lama é o título de uma linhagem de líderes religiosos da escola Gelug do budismo tibetano, em se tratando de um monge e lama, é reconhecido por todas as escolas do budismo tibetano. Também foram os líderes políticos do Tibete entre os século XVII até 1959, residindo em Lhasa. O Dalai Lama é também o líder oficial do governo tibetano em exílio, ou Administração Central Tibetana. "Lama" é um termo geral que se refere aos mestres budistas tibetanos. O atual Dalai Lama é muitas vezes chamado de "Sua Santidade" por ocidentais, embora este pronome de tratamento não exista no tibetano, não se tratando de uma tradução. Tibetanos podem referir-se a ele através de epítetos tais como Gyawa Rinpoche que significa "grande protetor", ou Yeshe Norbu, a "grande joia".
Acredita-se que o Dalai Lama seja a reencarnação de uma longa linha de tulkus, que optaram pela reencarnação, a fim de esclarecer a humanidade. O Dalai Lama é muitas vezes considerado o chefe da Escola Gelug, mas esta posição oficialmente pertence ao Ganden Tripa, que é uma posição temporária nomeada pelo Dalai Lama (que, na prática, exerce mais influência). Pode-se considerar que Sua Santidade é o "rei" do Tibet, que foi durante muito tempo um Estado governado por líderes religiosos que no ocidente são chamados de teocráticos, o termo não é exato porque no Budismo não há a figura de um único Deus criador. Dalai significa "Oceano" em mongol e "Lama" é a palavra tibetana para mestre, guru, e várias vezes referido por "Oceano de Sabedoria", um título dado pelo regime mongoliano a Altan Khan e agora aplicado a cada encarnação na sua linhagem. Os Dalai Lama são mostrados como sendo a manifestação de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão, cujo nome é Chenrezig em tibetano. Após a morte do Dalai Lama, uma pesquisa é instituída pelos seus discípulos para descobrir o seu renascimento, ou tulku.
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Dalai_Lama
Biografia de Dalai Lama
Dalai Lama (1935) é um Monge Budista e líder espiritual tibetano. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 1989, em reconhecimento à sua campanha pacifista para acabar com a dominação chinesa no Tibete.
Dalai Lama (1935) nasceu na aldeia de Takster, no leste do Tibet, em 6 de julho de 1935. Filho de uma família de agricultores recebeu o nome de Lhamo Dhondrub. Aos 2 anos de idade, foi reconhecido pelos monges tibetanos como a reencarnação do 13º Dalai Lama, Thubten Gyatso, a autoridade máxima do budismo tibetano. Os Dalai Lama, por sua vez, são considerados reencarnações do príncipe Cherezig, o Avalokitesvara, o portador do lótus branco, que representa a compaixão.
Dalai Lama Tenzin Gyatso é considerado a 14ª reencarnação do príncipe Cherezig. Aos 4 anos de idade foi separado de sua família, e levado para o Palácio de Potala, situado na montanha Hongsham, na capital Lhasa. Foi empossado como o líder espiritual do Tibete. Passa, então, a se chamar Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso.
Começou sua rigorosa preparação, aos seis anos de idade, que inclui entre outros estudos, aulas de filosofia budista, arte e cultura tibetana, gramática, inglês, astrologia, geografia, história, ciências, medicina, matemática, poesia música e teatro.
Em 1950, após a invasão do Tibete, pela China, o partido comunista chinês, passa a controlar a província de Kham. Dalai Lama, com apenas 15 anos, assume o poder político do país. Em 1951, o 14º Dalai Lama, e integrantes de seu governo, assinam o "Acordo de Dezessete Pontos", com o qual a China pretendia adotar medidas para a libertação do Tibete. Em 1954, o Dalai Lama vai a Pequim, realizar acordos com Mao Tsé-Tung, Presidente do Governo Popular da China, mas a tentativa de buscar soluções pacíficas para a libertação do Tibete, foram frustradas.
Em 1959, após o fracasso de uma rebelião nacionalista contra o governo chinês, Dalai Lama, junto com um grupo de líderes tibetanos e com seus seguidores, a convite do governo indiano, exila-se na Índia e aí instala o governo do Tibete. Com o governo fora do Tibete, o Dalai Lama luta para preservar a cultura tibetana. Funda assentamentos agrícolas, para receber o grande número de refugiados, e oferece escolas onde ensina a língua, a história e a religião tibetana. De tradição teocrática, os tibetanos misturam o poder temporal e o espiritual.
Várias propostas de paz já foram levadas ao governo chinês, entre elas, transformar o Tibete em santuário, onde todos poderiam viver em harmonia. Em 1967 o Dalai Lama iniciou uma série de viagens por diversos países, levando sua crença e a esperança de encontrar a paz entre os povos. Esteve com o Papa Paulo VI em 1973 e com João Paulo II em diversos momentos. Foi aos Estados Unidos, Inglaterra, França, Suíça, Áustria, Brasil, entre outros, onde fez palestras para um grande número de admiradores.
Em 1989 recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Recebeu também o título de Doutor Honoris Causa, conferido pela Universidade de Seattle, em Washington, em reconhecimento por seu trabalho difundindo a filosofia budista e por seus esforços em busca dos direitos humanos e da paz mundial.
Em 2011 Dalai Lama anunciou que deixaria o comando político dos tibetanos. O sufrágio ocorreu na Índia, onde o Parlamento se reúne no exílio desde 1959. Embora não tenha nenhum efeito prático, já que o Tibete não é reconhecido como nação independente, a eleição constitui uma mudança de costumes.
Última atualização: 05/12/2016
Fonte:https://www.ebiografia.com/dalai_lama/
Biografia de Dalai Lama – Vida e ensinamentos de Tenzin Gyatso
Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso nasceu em 06 de julho de 1935, em Taktser, uma pequena vila no Tibet. Filho de camponeses, aos 2 anos de idade foi reconhecido como a reencarnação e sucessor do 13º Dalai Lama; em outubro de 1939 foi levado junto à família para morar na capital do Tibet, Lhasa, e, em 22 de fevereiro de 1940, foi formalmente instaurado como Chefe de Estado do Tibet.
Os chefes tibetanos não são nomeados ou eleitos – eles nascem para a posição. Para os tibetanos, o Dalai Lama é mais do que um Chefe de Estado; eles são guias espirituais, são manifestações de deuses que vieram à Terra para servir seu povo. Quando um Dalai Lama morre ele deixa sinais indicando aonde será seu renascimento.
Aos 6 anos de idade começou sua educação budista, que só acabaria 18 anos depois, quando recebeu o título de Doutor em Filosofia Budista (Geshe Lharampa Degree) após passar um dia com 80 acadêmicos de diferentes universidades discutindo lógica, filosofia budista e disciplina monástica e metafísica.
Em 1950 se deu no Tibet o começo da invasão comunista chinesa, forçando o jovem Dalai Lama a assumir sua autoridade política com apenas 15 anos. Em 1954, ele viajou a Beijing para negociar a paz com o líder chinês Mao Tse-Tung, que se mostrou impassível. Foram anos de invasão violenta da China até que, em 10 de março de 1959, o povo tibetano fez um grande movimento de resistência, o Levante Nacional Tibetano – com o centro e o maior número de pessoas em Lhasa –, exigindo a saída do exército chinês e reivindicando sua independência. A resposta do governo de Mao Tse-Tung foi violenta, resultando em um massacre na capital tibetana. O governo tibetano não viu outra alternativa a não ser pedir para que Dalai Lama fugisse do país.
Na noite de 17 de março de 1959, Gyatso fugiu do país em direção à Índia, que o recebeu e ofereceu asilo político. Até hoje o líder tibetano governa seu país no exílio, em uma base criada em Dharamsala, no noroeste da Índia. Com ele, aproximadamente 80 mil refugiados tibetanos fugiram e se espalharam pelo mundo. Com o auxílio da ONU foram criadas resoluções para que a China respeitasse o povo tibetano, além da construção de escolas, universidade e mosteiros para preservar a cultura do Tibet.
Em 20 de junho quebrou seu silêncio e convocou uma entrevista coletiva, afirmando que não iria parar de governar seu país; ao contrário, acompanhou de longe a criação de novos departamentos no governo, como os de Educação, Informação, Negócios Religiosos e Negócios Econômicos. Em 1963, Dalai Lama promulgou uma nova constituição para o país, baseada nos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos ensinamentos Budistas.
Pela primeira vez, em 1967, Gyatso sai da Índia, começando uma peregrinação que já passou por mais de 50 países, promovendo a paz e lutando pelos direitos humanos, sempre defendendo o princípio da não-violência (mesmo princípio usado por Mahatma Ghandi); em sua jornada conheceu presidentes e líderes como os papas Paulo VI e João Paulo II; líderes da Igreja Anglicana em Londres, como o Arcebispo de Canterbury, e diversos outros líderes espirituais, na tentativa de criar uma inter-fé – um diálogo em que todas as religiões possam co-existir, sem que uma negue a outra.
“Eu sempre acreditei que é muito melhor termos uma variedade de religiões, uma variedade de filosofias, do que uma simples religião ou filosofia. Isto é necessário por causa das disposições mentais diferentes de cada ser humano. Cada religião possui certas idéias ou técnicas características, e aprender sobre elas pode somente enriquecer a fé de alguém.”
O atual Dalai Lama recebeu diversos prêmios de Paz e homenagens por seus escritos em Filosofia Budista e por promover o diálogo em diversos países em questões de conflitos (civis e internacionais) e questões ambientais. O maior deles foi em 1989, quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua incessante luta – sempre pacífica – em resolver os conflitos no Tibet.
Tenzin Gyatso é considerado como a maior e mais lúcida voz de uma geração na luta pela paz, pelo respeito mútuo e pela felicidade alcançada através do altruísmo, da compaixão e do amor. Uma voz que parece distante, mas que é tão necessária ser ouvida nos dias de hoje.
Livros e Obras de Dalai Lama
- A arte da felicidade: um manual para a vida
- A arte de lidar com a raiva: o poder da paciência
- A força do budismo
- Amor, verdade, felicidade: reflexões para transformar a mente
- Contos populares do Tibete
- Minha terra e meu povo
- Mundos em harmonia
- Liberdade no exílio: uma autobiografia do Tibet
- O budismo tibetano
- O caminho da felicidade
- O caminho da tranquilidade
- O caminho para a liberdade
- O Dalai Lama fala de Jesus
- O livro da sabedoria
- O poder da paciência
- Pacificando o espírito
- Palavras de sabedoria
- Sábias palavras do Dalai Lama
- Transformando a mente
- Uma ética para o novo milênio
Pensamentos e Frases de Dalai Lama
Fonte:http://www.livrosbiografiasefrases.com.br/biografias/biografia-de-tenzi-gyatso-dalai-lama/Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. (Pensamentos e Frases de Dalai Lama)O que mais me surpreende na humanidade, são os “homens”. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro. Depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… E morrem como se nunca tivessem vivido. (Pensamentos e Frases de Dalai Lama)Orar não é o mais importante. Importante é praticar a caridade e o amor, mesmo para uma pessoa que não seja religiosa. (Pensamentos e Frases de Dalai Lama)Matar animais por esporte, prazer, aventura e por suas peles, é um fenômeno que é ao mesmo tempo cruel e repugnante. Não há justificativa na satisfação de uma brutalidade dessas. (Pensamentos e Frases de Dalai Lama)Não permita que o comportamento dos outros tire a sua paz. (Pensamentos e Frases de Dalai Lama)
A vida segundo o Dalai Lama
Nunca se falou tanto sobre ele no Oriente. Nunca se leram tantos livros seus no Brasil. Afinal, o que o pensamento desse monge tibetano tem de tão especial?
Por Karen Gimenez
Ele tem o riso fácil, a cabeça raspada, usa óculos enormes e veste sempre um manto amarelo e vermelho. Calça humildes chinelos de dedo mesmo diante dos mais poderosos chefes de Estado. É alegre e curioso. Demonstra querer saber tudo como se, aos 66 anos, ainda fosse uma criança descobrindo o mundo. Inquire seus circundantes a todo momento. Como se todas as pessoas lhe interessassem. Seu nome é Tenzin Gyatso. Mas você pode chamá-lo de Dalai Lama.
Para os adeptos do budismo em suas mais diversas ramificações, ele é a Sua Santidade. Corresponderia à figura do Papa na Igreja Católica. A grande diferença é que, quando um Papa morre, seu substituto é eleito. Quando o Dalai morre, a cúpula do budismo sai pelo mundo em busca da sua reencarnação em um bebê que tenha nascido, no máximo, alguns anos depois da morte do seu antecessor.
Identificado por meio de uma série de longos testes nos quais precisa reconhecer objetos pessoais do último Dalai Lama em meio a bugigangas comuns, o futuro Dalai passa a morar em um mosteiro onde, desde criança, é educado para a função que vai assumir aos 18 anos. Ao entrar no templo, tem seu nome mudado. Tenzin Gyatso, por exemplo, nasceu Lhamo Thondup.
Muitos perguntam se o Dalai Lama é a reencarnação de Buda. A questão está mal formulada. É que há, segundo o budismo, centenas de budas espalhados pelo mundo. Siddhartha Gautama, ou Buda Shakyamuni, talvez o mais famoso deles, imortalizado em livro pelo escritor alemão Hermann Hesse, foi o quarto Buda. O Buda, portanto, não é uma entidade única nem um ser sobre-humano. Considera-se Buda (a palavra significa “O Desperto”) o indivíduo que tenha “acordado do sono da ignorância”, para usar a terminologia budista, depois de muito trabalho mental e espiritual. A “iluminação” pode acontecer com qualquer um e é justamente esse o cerne da doutrina budista.
Quanto ao Dalai Lama, nome que significa “Oceano de Sabedoria”, acredita-se que ele e os seus 13 antecessores são reencarnações de um desses budas, Avalokiteshvara, conhecido como o Buda da Compaixão. O título de Dalai Lama foi concedido pela primeira vez em 1578, pelo príncipe mongol Altan Jan, à terceira reencarnação do Buda da Compaixão. O agraciado foi o abade Gedun Drub, um difusor do budismo que recebeu o título postumamente, junto com seus antecessores, o primeiro e o segundo Dalai Lama.
Eis o que o Dalai significa para os budistas. Para os chineses, no entanto, ele é simplesmente uma pedra no coturno. E, para ocidentais devoradores de pizza como você e eu, ele é uma figura simpática, talvez um pouco exótica, que só agora começamos a conhecer melhor.
Exilado na Índia desde 1959, quando a China invadiu o Tibete (veja quadro na pág. YY), o Dalai atrai multidões onde quer que vá. Ele mora em Dharamsala, uma cidade ao norte do continente indiano. Trata-se de uma comunidade fundada nos anos 60 pelos refugiados tibetanos e por monges budistas. Hoje, ela abriga cerca de 100 000 pessoas. Foi nessa cidade, que se apresenta como a sede do governo do Tibete no exílio, que o Dalai Lama promulgou a última constituição tibetana, em 1963. Ele vive atualmente em um mosteiro, que também funciona como um centro de estudos filosóficos e religiosos, onde alguns estrangeiros passam temporadas fazendo pesquisas. (Leia mais sobre Dharamsala na edição de agosto da revista Viagem & Turismo.)
Um desses estrangeiros foi a jornalista Lia Diskin, uma argentina que mora há 30 anos no Brasil, onde ajudou a fundar e dirige o Centro de Estudos Filosóficos Associação Palas Athena, em São Paulo. Em Dharamsala, em 1984, ela conheceu o Dalai Lama e acabou organizando suas duas visitas ao Brasil.
“Dificilmente se encontra um líder religioso que encante tanto as pessoas quanto o Dalai. Não só pelas palavras mas também por assumir a sua condição humana tão claramente”, afirma Lia. De fato, o Dalai se coloca como apenas um velho monge que deseja paz e felicidade a todas as pessoas. Não se arvora nenhum caráter divino. Tanto que assume seus defeitos em público: leves irritações e uma obsessão por relógios que o acompanha desde criança, quando queria ser engenheiro e montava e desmontava qualquer máquina que encontrasse no Potala, centro religioso e político localizado na capital do Tibete, Lhasa.
O Dalai viaja muito e acaba ficando pouco tempo em Dharamsala. As visitas ao Brasil foram agendadas com mais de dois anos de antecedência. Num dia, suas palavras encontram milhares de pessoas no Vale do Silício, o cérebro eletrônico da indústria tecnológica americana. No dia seguinte, ele conversa com comunidades isoladas nas montanhas do Nepal.
Os discursos do Dalai originaram mais de 200 livros – 20 deles traduzidos para o português. No Brasil, seus livros venderam 500 000 exemplares. A Arte da Felicidade – Um Manual Para a Vida, editado pela Martins Fontes, cuja seqüência o Dalai está escrevendo neste momento em parceria com o psiquiatra americano Howard Cuttler, aparece há quase 70 semanas na lista dos livros mais vendidos da revista Veja. Afinal, o que faz do Dalai Lama um sucesso crescente entre cientistas, escritores e, sobretudo, entre o público médio?
A primeira parte da resposta está no fato de que a maioria das sociedades ocidentais está vivendo um processo de mudança antropológica: de uma cultura mais materialista, imediatista e individualista para uma outra mais espiritualizada, mais holística, mais solidária. Isso explica em parte a evidência que o Dalai Lama e suas idéias vêm ganhando no Ocidente nos últimos tempos. A segunda parte tem a ver com o teor mesmo da sua mensagem e pode ser resumida em duas palavras: simplicidade e lógica.
Para o Dalai, tudo é muito simples. Estar no mundo é fácil, viver é descomplicado. Segundo ele, ninguém precisa sair em peregrinação ou praticar mendicância para se tornar um ser humano melhor. Em sua filosofia, que tem muito menos a ver com religião do que com um manual de condutas éticas para viver e deixar viver, de modo a que cada um possa se inserir harmonicamente no meio dos outros, a verdadeira transformação espiritual do indivíduo está nas pequenas e fundamentais atitudes do dia-a-dia, independente do credo, do estilo de vida, das preferências sexuais ou políticas que se possa ter.
O Dalai apresenta o mundo como uma rede de ações em constante interferência recíproca. Assim, o que um sujeito faz ou deixa de fazer alteraria indelevelmente o meio em que está inserido. A vida funcionaria como um jogo de dominó em que se derruba uma pedra e milhares de outras vão caindo, sucessivamente, durante horas a fio, até formar um enorme desenho do qual muitas vezes nenhum dos participantes tinha idéia no início. Para o Dalai, nada – nem ninguém – está isolado. Uns sempre precisam de outros para realizar a própria felicidade.
Quem for assistir a uma de suas conferências achando que vai escutá-lo falando das vantagens de se converter ao budismo perderá a viagem. O Dalai deixa muito claro em seus discursos que cada um deve seguir a fé que escolher. Ou até mesmo nenhuma, caso lhe pareça mais conveniente. A devoção das pessoas, ao contrário da esmagadora maioria dos líderes religiosos, é o que menos interessa ao Dalai, segundo ele mesmo diz. Quem já assistiu a uma de suas palestras sabe que o eixo básico do seu discurso é a universalidade dos conceitos. Para ele, há alguns valores, como a ética, que são constitutivos do ser humano em qualquer cultura ou tempo e que deveriam ser cultuados por todos.
A ausência quase completa de proselitismo religioso e a lógica evidente de sua argumentação, que não requer uma fé específica para ser compreendida e aceita, faz com que até o mais empedernido dos ocidentais tenha condições de incorporar os ensinamentos do Dalai em seu cotidiano. Mas que ensinamentos são esses? E como eles podem ser úteis para a sua vida diária? Com você, alguns dos principais pontos do pensamento do Dalai Lama.
Ação e Engajamento
Quem vê o Dalai falando em meditação não pressupõe que ele considera a ação e o engajamento fundamentais. E que ambos, para ele, devem andar de mãos dadas com a espiritualidade. Para o Dalai, rezar é importante, mas não basta. É preciso arregaçar as mangas, deixar de lado a preguiça e o eterno álibi da falta de tempo e agir sobre as situações. Não há necessidade de atos heróicos nem de uma grande alteração de rotina. Afinal, segundo o Dalai, o mundo depende mais dos pequenos do que dos grandes atos para ser transformado. Para ele, colocar a mão na massa faz toda a diferença. É como cruzar uma ponte numa noite gelada e ver uma criança passando frio. Você pode se encher de pena e rezar para que a Providência faça chegar a ela um agasalho. Pode também seguir seu caminho indignado porque o Estado não faz nada. Mas você pode, por outro lado, fazer alguma coisa a respeito. Um gesto, uma ação. Que opção tem mais chances de diminuir o sofrimento imediato daquela criança?
Desapego
Para o Dalai, amor requer desapego. Isso soa torto para mentes ocidentais, acostumadas a pensar o contrário: amor e apego como sinônimos. A intensidade do apego, segundo ele, é a mesma da raiva quando se perde a pessoa. Portanto, o apego está relacionado à posse e ao desamor. No limite, apegar-se é hipotecar o amor que se sente. Afinal, que diabo de amor é esse que se transforma em ódio quando não se pode mais ter o ser amado ao lado?
Você certamente já ouviu falar de algum casal que, depois que se separou, se dedicou a infernizar um a vida do outro. Ou buscando uma reconciliação ou um tentando impingir ao outro o sofrimento que a perda lhe causou. Ou, ainda, os dois trancafiando a sua própria felicidade naquele falecido projeto de vida em comum. Isso, para o Dalai, é apego e não amor. Afinal, impedir que o ser amado seja feliz, em nome da sua própria infelicidade, é um ato de rancor e ódio e não de amor.
O apego estreitaria a visão de felicidade, descartando novas possibilidades de viver momentos de alegria, influenciaria negativamente a compaixão e seria prejudicial à própria auto-estima. Para o Dalai, a baixa auto-estima nada mais é que o apego excessivo a si mesmo. Portanto, uma conseqüência do excesso de amor-próprio, de vaidade. Isso faria com que nos exigíssemos a perfeição em todos os momentos e que jamais estivéssemos satisfeitos com as nossas conquistas.
Caminho do Meio
Para o Dalai, não existem verdades absolutas. Um dos princípios do budismo é o Caminho do Meio. A imagem que se faz é a de uma corda de violão. Se ela ficar muito solta, não produzirá som algum. Mas se você esticá-la demais, ela arrebentará ao primeiro toque. Pela óptica desse conceito, antagonismos aparentemente insuperáveis poderiam ser resolvidos se ambas as partes cedessem um pouco. O segredo do equilíbrio seria nunca se deixar seduzir pelos extremos.
Carma
No senso comum, a palavra carma está sempre associada a um castigo imutável, a uma situação ruim e invencível. Para o Dalai, o carma nada mais é do que uma lei eterna de causa e efeito que cada um de nós pode modificar todo dia. Na sua visão, não somos seres impotentes diante da vida. Nem há sinas inelutáveis. Portanto, aceitar esse ou aquele revés como um carma e se conformar com ele seria apenas um ato de preguiça.
Compaixão
O dicionário apresenta a pena e a dó como sinônimos do termo compaixão. Para o Dalai, esses conceitos têm uma sutil e ao mesmo tempo profunda diferença. A representação da compaixão seria horizontal. A da pena e da dó seria vertical.
Eis o que essa metáfora geométrica quer dizer: ter pena, segundo o Dalai, é olhar alguém como um ser inferior, que precisa de caridade. É, em resumo, o sujeito se sentir melhor e mais digno do que o seu interlocutor. Já a compaixão enxergaria o sofrimento de forma solidária. A postura aí seria encarar aquele que sofre como um ser em igualdade de condições que precisa de ajuda naquele determinado momento.
Ter compaixão, para o Dalai, é lembrar que a dor do outro poderia ser sua. E é mostrar a capacidade de reconhecer o sofrimento do próximo e ajudá-lo a superar o momento difícil. A compaixão estaria intimamente ligada à ação. Na visão do Dalai, somente condoer-se está muito longe de ser uma atitude suficiente.
Ecologia
Nada é mais precioso que a vida. Não só a humana, mas a de todos os seres que habitam o planeta. O Dalai recomenda dieta vegetariana para evitar que se tire o direito à vida dos animais, já que para o budismo eles também têm alma e as pessoas podem reencarnar como animais, até mesmo como ostras e camarões.
Segundo ele, no entanto, é possível se preocupar com a natureza sem precisar adotar atitudes que a maioria das pessoas considera indigestas, como se alimentar exclusivamente de vegetais ou colocar o peito na frente do arpão de um baleeiro no meio do oceano. Bastaria ter sempre a preocupação de se relacionar eticamente com os demais seres do planeta.
A preservação do ambiente, além de demonstração de respeito à vida, inclusive a das futuras gerações de humanos, seria uma forma de o sujeito melhorar a sua própria existência. O budismo tibetano, tanto quanto várias outras doutrinas, é antropocêntrico e vê o homem como um ser superior. A diferença da doutrina do Dalai em relação às outras está no significado do conceito de superioridade. Para ele, isso não quer dizer que a natureza esteja a serviço do homem e nem que possa ser subjugada. Como os únicos seres inteligentes, nós teríamos a responsabilidade de agir como guardiães da vida na Terra.
Ética e Religião
Segundo o Dalai, não é preciso ter religião para ter ética. Ou seja, a retidão do comportamento humano não dependeria de leis divinas. Para ele, espiritualidade e religião não são sinônimos. O Dalai é um grande defensor de ações sociais ecumênicas. Ele acredita que a ética transita em qualquer fé e é a viga central na construção de um mundo mais feliz. Ter fé é importante, ele reconhece. Mas a ética seria mais do que suficiente. Isso inclui ateus e agnósticos nesse projeto de mundo mais solidário e integrado de que fala o Dalai.
Mas, para ele, o que é a ética? Aqui, ele concorda com o dicionário. Trata-se de um conjunto de valores morais e princípios de conduta que devem ajustar as relações entre os diversos membros da sociedade. Nada mais é, no fim das contas, do que a velha premissa de não fazer a ninguém o que não se deseja para si mesmo. A sutileza trazida pelo Dalai é a consciência de que o não prejudicar os outros começa nos pequenos atos. Algo que pode não soar como prejudicial a você, como marcar um encontro e simplesmente não aparecer, pode atrapalhar a vida da outra pessoa que desmarcou um outro compromisso por sua causa.
Felicidade
O objetivo da vida humana, segundo o Dalai, é a felicidade, a preservação da alegria. Para ele, ser feliz não é um estado grandioso e eterno. Ao contrário, é uma soma de pequenos momentos luminosos que o sujeito vai colecionando ao longo da vida.
Um dos caminhos mais curtos para a infelicidade, na opinião do Dalai, é colocar a própria satisfação nas mãos de algo ou de alguém. Ou então empurrá-la para o futuro. O sujeito que diz que só será feliz quando se formar em medicina ou quando se casar com uma determinada pessoa está, segundo o Dalai, jogando fora uma série de oportunidades presentes de felicidade. A satisfação estaria dentro de cada um. Não estaria fora, em elementos externos que seriam meros instrumentos ou partes coadjuvantes.
Segundo o Dalai, os principais ingredientes da felicidade são o sorriso e o bom humor. Tentar olhar todos os aspectos de uma situação e destacar os bons – e não os maus, como costumamos fazer – é a grande receita da satisfação pessoal. Para ele, é preciso saborear cada mordida no pão quentinho de manhã. E se o chefe estiver nervoso, é preciso que o sujeito se sinta feliz por não estar.
Humildade
Associados com freqüência no Brasil, humildade e pobreza não têm nenhuma relação entre si na visão do Dalai Lama. Descrever como humildes aqueles que passam fome ou vivem debaixo da ponte, para ele, não faz sentido. Humildade nada tem a ver com a presença ou a ausência de posses materiais. Trata-se, segundo o Dalai, de uma forma de comportamento das mais veneráveis. Ser humilde seria enxergar todos os circundantes como seres iguais – o garoto que pede um trocado no semáforo ou o presidente da República. É difícil pensar dessa forma quando a sociedade relaciona humildade com inferioridade, submissão e pobreza. Mas é fácil ser humilde em uma sociedade que associa essa condição à simplicidade, à clareza, à elegância. A humildade, segundo o Dalai, deixa o homem mais confiante. Só quem tem plena consciência do seu valor não precisa demonstrar, às vezes de forma grosseira, o seu poder ou a sua erudição.
Imparcialidade
Para o Dalai, a verdade é relativa. Perceber que não há axiomas inquestionáveis e tentar enxergar as situações sob todos os ângulos antes de tomar uma atitude é fundamental. Mas isso, segundo o Dalai, leva tempo e requer alguns exercícios. A mente humana teria a tendência de elevar as próprias idéias à condição de verdades inexoráveis. Diante de uma situação de discórdia, diz o Dalai, o sujeito se enche de argumentos que o levam a tomar determinadas atitudes a partir do seu ponto de vista unilateral, desconsiderando a trajetória dos outros envolvidos.
Impermanência
A única certeza que um ser humano pode ter, segundo o Dalai, é a de que vive o momento presente e de que pode morrer a qualquer momento. Por mais catastrófica que essa idéia possa parecer, para o Dalai ela é uma verdade incontestável e um motivo de alegria. Significa que, se as coisas boas podem ficar ruins de um momento para o outro, as coisas ruins também podem ficar boas de repente. Para ele, essa certeza também serve para que preparemos o que ele chama de “boa morte” – a tentativa de manter um saldo positivo na própria existência. Ou de, pelo menos, zerar a contabilidade entre as atitudes boas e más de que inevitavelmente se compõe uma vida.
Para o Dalai, a incerteza do que pode acontecer no próximo momento – o sujeito pode perder a vida ou o emprego, a mulher ou a fortuna a qualquer momento – ajuda-o a sofrer menos com os revezes da vida. E a se apegar menos às coisas e às pessoas que ama, dependendo menos delas para ser feliz. Por outro lado, a noção da própria impermanência faria com que o workaholic que passa 16 horas por dia no escritório revisse suas prioridades ao perceber que o seu cargo não vai durar para sempre. E que o marido que há mais de ano não reserva tempo para namorar a esposa percebesse que ela não vai ficar do seu lado para sempre. E que o sujeito que há décadas tem um pedido de desculpas entalado na garganta finalmente verbalizasse o seu arrependimento, porque nem ele e nem o seu antigo desafeto vão durar para sempre.
Interdependência e Rela
As pessoas morrem de fome no Nordeste. Você sente pena, se lamenta pelo povo castigado mas vê aquela realidade como algo distante do seu dia-a-dia. A coisa não funciona bem assim, segundo o Dalai. Afinal, tudo no mundo estaria relacionado. Uma atitude banal que se toma aqui pode iniciar uma cadeia que vai refletir do outro lado do Atlântico daqui a anos. (Se você lembrou aquela metáfora clássica da teoria do caos que dizia que o bater de asas de uma borboleta em Hong Kong pode causar um tornado no Texas, bingo.)
Para o Dalai, o conceito da interdependência está bastante ligado ao da relatividade. Para ele, as circunstâncias podem mudar a aplicação de um conceito. Por isso não seria possível ter conceitos isolados ou eternamente válidos. Para quase todas as religiões, por exemplo, a reprodução é uma das principais funções do ser humano. Mas hoje, em um mundo com mais de seis bilhões de pessoas, onde há problemas globais de alimentação e espaço, o óbvio para famílias de qualquer classe social é realizar essa função numa escala menor do que acontecia há algumas gerações. O dogma religioso, portanto, para o Dalai, precisa ser relativizado. Provavelmente daqui a algum tempo, se boa parte da população mundial tiver envelhecido e morrido, a reprodução voltará a ter sua importância original. (Isso, aliás, já acontece em alguns países europeus, que estimulam financeiramente os casais a terem filhos.)
Paciência e Pressa
A paciência é a maior defesa que um sujeito pode desenvolver, diz o Dalai. Ela serve para que tudo seja colocado no seu devido lugar antes de se tirar conclusões ou fazer julgamentos. Às vezes é preciso ficar em silêncio, recuar antes de voltar à cena e dar um passo adiante. Paciência, no entanto, para o Dalai, não é omissão. É a determinação do tempo ideal para cada coisa. É o sujeito saber tratar do seu inimigo interior antes de lidar com as adversidades externas. Trata-se de um conceito difícil de entender pois a cultura ocidental cultua a pressa. É fato que as pessoas vivem cada vez em maior velocidade, comem cada vez mais rápido. É como se estivéssemos todos, você e eu inclusive, em busca de algo que nunca vem. Fazer o maior número de coisas no menor espaço de tempo virou sinônimo de eficiência. Sujeitos entre nós que se mostrem tranqüilos e pacientes são considerados omissos e passivos.
Para o Dalai, no entanto, paciência é compreender que as melhorias gradativas são as verdadeiras e que as mudanças rápidas não passam de fachada.
Raiva
Talvez o ponto mais difícil de aprender na doutrina do Dalai seja lidar com a raiva. Ele a divide em dois tipos: a raiva proveniente do apego e aquela proveniente da compaixão. O primeiro tipo distorce a visão dos fatos e prejudica a capacidade de julgamento. Se o sujeito se sente ofendido por alguém, tem a vontade de prejudicar quem ele julga lhe ter feito mal. Só que, pelas regras do carma e da interdependência, a vingança só vai aumentar o seu saldo negativo. Em outras palavras: prejudicar quem teoricamente lhe fez mal vai trazer uma satisfação imediata e ilusória e nenhum lucro futuro. Afinal, o julgamento ocorreu sob a intensidade da raiva. O perigo aí, segundo o Dalai, é criar uma bola de neve de ações e reações ruins. O correto seria o sujeito sublimar a sua raiva por meio da dedicação a coisas que façam bem a ele e aos outros. Para o Dalai, não vale a pena trocar horas de sono ou de prazer brincando com os filhos para arquitetar uma vingança que só adicionará mais sofrimento àquela situação.
Isso não quer dizer que se deva ficar passivo diante das injustiças. A raiva motivada pela compaixão, pela solidariedade ao ser vilipendiado, segundo o Dalai, deve ser usada para gerar uma ação que busque justiça de uma forma imparcial, serena e que ande sempre pelo caminho do meio.
Serenidade
A serenidade caminha ao lado da imparcialidade e não da apatia, diz o Dalai. Ter serenidade é pensar antes de agir. Algo que, num estágio mais avançado, nada mais é do que a meditação. A sabedoria, segundo o Dalai, está em não colocar a imaginação no meio do processo de análise e em saber esperar sem ansiedade. Na prática, um sujeito sereno criaria sempre um espaço de tempo entre a ação e a reação. Tempo para analisar a situação com parcimônia, pensar nas conseqüências da sua reação e encontrar formas de resolver o problema e não de piorá-lo.
Sofrimento
Situações que causam sofrimento jamais faltarão nem para a mais contente das criaturas. E se o sofrimento é um fato, é preciso aprender a lidar com ele. Não apenas lamentar a sua existência e se acomodar com a dor. Para o Dalai, é sempre possível minimizar o sofrimento ou extrair dele algo de positivo. Para tanto, é preciso tratar as causas do sofrimento e não, apenas, os sintomas. Ao identificar as causas, diz o Dalai, a imparcialidade e a serenidade são fundamentais para que não haja erro no julgamento. É que, segundo ele, é sempre possível que parte do sofrimento seja criado pelo próprio ser que sofre, independente dos fatores externos. Ele diz que há duas reações ao sofrimento: entregar-se à dor ou descobrir a si mesmo na tragédia.
É que os momentos difíceis, por piores que sejam, desenhariam uma grande oportunidade para o sujeito avançar no último e talvez mais essencial dos pontos do pensamento do Dalai Lama, combustível para a efetivação de todos os outros: o autoconhecimento. É isso, por fim. Conhecer-se melhor, mais fundo, com mais detalhes, sem máscaras nem retoques é a primeira e a última coisa que um ser humano em busca de ser mais feliz e de fazer mais gente feliz deve realizar. Não é tarefa fácil nem rápida. Melhor começar já.
O tao do Dalai
1935
Nasce Tenzin Gyatso, em 6 de julho, em Taktse, no Tibete
1937
Monges o descobrem. Começam os testes para verificar se ele é a reencarnação do 13º Dalai Lama
1939
Ele é levado para Lhasa, capital do Tibete. Passa a morar no Potala, centro religioso e político do país
1941
Começa sua educação religiosa
1951
Dois anos antes do que rege a tradição tibetana, aos 16 anos, ele é reconhecido como o 14º Dalai e vira chefe de Estado. Tenta diálogo com a China e pede ajuda à ONU
1953
Temendo o avanço chinês, começa a enviar as reservas de ouro do Tibete para a Índia
1954
Depois da recusa de ajuda da ONU, parte para Pequim para um encontro com Mao Tsé-Tung, aos 19 anos
1959
Conclui os estudos. A China se prepara para capturá-lo. Ele foge para a Índia. A China bombardeia Lhasa. Já refugiado, busca novamente ajuda da ONU
1960
Monta uma comunidade de refugiados em Dharamsala, na Índia. Começa a divulgar pelo mundo a situação do Tibete
1963
Promulga, no exílio, a nova Constituição do Tibete
1982
Tenta novo diálogo com a China
1987
Inaugura as Conferências Mente e Vida, encontros bienais com cientistas para discutir a influência do espírito na mente e no corpo.
1989
Recebe o Prêmio Nobel da Paz
1991
Pede ajuda ao Congresso dos EUA. Os americanos reconhecem o Tibete como parte da China
1992
Visita o Brasil pela primeira vez, participando da conferência Eco 92
1999
Visita o Brasil pela segunda vez
2001
Encontra o presidente americano George W. Bush, que o recebe como líder religioso e não como líder político, e promete ajuda na tentativa de diálogo com a China
A briga com o Dragão que come gente
No fim dos anos 40 havia cerca de 7 milhões de tibetanos. Hoje eles são apenas 2,5 milhões, segundo levantamento do United States Census Bureau, órgão recenseador internacional sediado nos Estados Unidos. A invasão chinesa, perpetrada em 1950, anexou o Tibete ao mapa da China e inaugurou um longo processo de genocídio cultural no país.
Pelo seu caráter pacífico e isolado geograficamente, o Tibete era um alvo fácil para os ideais de expansão territorial chineses. O país, rico em recursos minerais, despertava há tempos a cobiça do grande vizinho. A razão alegada pelos chineses para a anexação é o fato de que o Tibete foi parte da China até meados do século XVII. Naquela época, o governo chinês, enfraquecido pelas constantes invasões estrangeiras em busca de novos territórios no Oriente, assistiu ao quinto Dalai Lama ser proclamado rei e declarar a região um país independente.
A Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, iniciada em 1949, foi o estopim para a reanexação do antigo território. Para a China, era preciso acabar com o budismo, que impedia o Tibete de se desenvolver. Na tradição tibetana, baseada no budismo havia cerca de 1 000 anos, a religião e a política eram uma coisa só. O Potala, residência oficial dos Dalai Lama, concentrava também a administração política, a educação e o atendimento médico na capital tibetana.
A tomada do Tibete por Pequim foi violenta. O insignificante exército tibetano mal conseguia se manter em pé. A resistência deu-se em tentativas de diálogo por parte do Dalai Lama. Poucos países apoiaram o Tibete e os que o fizeram, como a Índia, agiram de forma discreta e nem sempre oficial.
Aproximadamente 6 000 mosteiros foram destruídos, 95% do total. Pessoas foram espancadas e mortas nas ruas. As crianças foram enviadas para as escolas chinesas – e voltavam treinadas para vigiar os próprios pais. Começou então um movimento de emigração: multidões passaram a atravessar as montanhas geladas do Himalaia em direção ao Nepal e à India. Milhares morreram pelo caminho.
O Dalai Lama fugiu para a Índia em 1959, pedindo ajuda internacional, quando foi decretada a sua transferência para a China. O impasse existe até hoje. O Dalai é um chefe de Estado no exílio – situação que não é de todo reconhecida, porque a maior parte da comunidade internacional, inclusive o Brasil, vê o Tibete como território chinês. Mapas, como os da National Geographic, apontam o Tibete como parte da China.
“Em 1992, na Eco 92, a delegação chinesa ameaçou não comparecer ao evento, realizado no Rio de Janeiro, se o Dalai Lama desembarcasse por aqui”, afirma Lia Diskin, responsável pelas duas visitas do Dalai Lama ao Brasil. Ela lembra que o Itamarati dificultou ao máximo o visto do Dalai e que foi necessária a ajuda do deputado federal Fernando Gabeira para que os empecilhos fossem desembaraçados. “Em 1999, em visita ao país, outra vez a burocracia brasileira complicou as coisas”, diz Lia. Naquela ocasião, o presidente Fernando Henrique Cardoso não recebeu o Dalai Lama no Palácio da Alvorada. Só aceitou conversar com o Dalai fora do círculo oficial, em uma visita informal à casa do então senador Antônio Carlos Magalhães, na Bahia.
O Dalai em frases
• “Grande parte do sofrimento é criado por nós mesmos”
• “Nada garante que no futuro teremos uma vida melhor e mais feliz do que a que vivemos hoje”
• “O medo é útil quando ele nos deixa alerta”
• “Transformar nosso coração e mente é compreender como funcionam os pensamentos e as emoções”
• “Não existe nada absoluto, tudo é relativo. Por isso devemos julgar de acordo com as circunstâncias”
• “É ilógico esperar sorrisos dos outros se nós mesmos não sorrimos”
• “Para lidar com o sofrimento é preciso perceber que ele faz parte da nossa vida”
• “Um inimigo externo não tem como destruir a nossa tranqüilidade de espírito”
• “Reagir com raiva costuma não dar certo. Sem ódio, agimos de modo mais eficaz”
• “Tenho certeza de que se eu sorrisse menos teria menos amigos”
• “A compaixão não é um sentimento que transforma os outros em seres inferiores”
• “As transformações mentais demoram e não são fáceis. Demandam um esforço constante”
• “Se você quer transformar o mundo, mexa primeiro em seu interior”
• “É muito importante que o homem tenha ideais. Sem eles não se vai a parte alguma”
• “A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância”
• “Aprimorar a paciência requer alguém que nos faça mal e nos permita praticar a tolerância”
• “É triste passar pela vida causando problemas a outras pessoas e ao ambiente”
• “O maior juiz de seus atos deve ser você mesmo e não a sociedade”
• “A responsabilidade de todos é o único caminho para a sobrevivência humana”
• “A opressão nunca conseguiu suprimir nas pessoas o desejo de viver em liberdade”
• “O apego é cheio de parcialidade. O amor e a compaixão são imparciais”
• “A vingança não vai reduzir ou prevenir o mal, porque ele já aconteceu”
• “Uma poderosa ferramenta para nos ajudar a gerir com habilidade a nossa vida é perguntar antes de cada ato se isso nos trará felicidade. Isso vale desde a hora de decidir se vamos ou não usar drogas até se vamos ou não comer aquele terceiro pedaço de torta de banana com creme”
Para saber mais
Na livraria: Uma Ética para o Novo Milênio
Sua Santidade, o Dalai Lama, Tradução de Maria Luiza Newlands. Editora Sextante
A Arte da Felicidade, Um Manual Para a Vida
Sua Santidade, o Dalai Lama e Howard C. Cutler. Tradução de Waldéa Barcellos. Editora Martins Fontes
Minha Terra, Meu Povo
Tenzin Gyatso. Editora Palas Athena
A Arte de Lidar com a Raiva
Sua Santidade, o Dalai Lama. Tradução de A. B. Pinheiro de Lemos. Editora Campus
Transformando a Mente
Sua Santidade, o Dalai Lama. Tradução de Waldéa Barcellos. Editora Martins Fontes
O Caminho da Tranqüilidade
Sua Santidade, o Dalai Lama. Tradução de Maria Luiza Newlands Silveira e Márcia Cláudia Alves. Editora Sextante
Vídeos
• Sete Anos no Tibete
• Kundum
• Compaixão no Exílio
Internet
Fonte:http://super.abril.com.br/historia/a-vida-segundo-o-dalai-lama/
Há 14 reencarnações reconhecidas como sendo do Dalai Lama:
Nome | Imagem | Tempo de vida | Reconhecido | Reinado | Tibetano/Wylie | Transcrição em PRC (transcrição chinesa) | Grafias alternativas | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1. | Gedun Truppa | 1391–1474 | – | Desconhecido[1] | དགེ་འདུན་འགྲུབ་ dge ‘dun ‘grub | Gêdün Chub (根敦朱巴) | Gedun Drub Gedün Drup Gendun Drup | |
2. | Gendun Gyatso | 1475–1541 | – | 1492–1541[1] | དགེ་འདུན་རྒྱ་མཚོ་ dge ‘dun rgya mtsho | Gêdün Gyaco (根敦嘉措) | Gedün Gyatso Gendün Gyatso | |
3. | Sonam Gyatso | 1543–1588 | ? | 1578–1588 | བསོད་ནམས་རྒྱ་མཚོ་ bsod nams rgya mtsho | Soinam Gyaco (索南嘉措) | Sönam Gyatso | |
4. | Yonten Gyatso | 1589–1616 | ? | 1591–1626 | ཡོན་ཏན་རྒྱ་མཚོ་ yon tan rgya mtsho | Yoindain Gyaco (雲丹嘉措) | Yontan Gyatso | |
5. | Lobsang Gyatso | 1617–1682 | 1618 | 1642–1682 | བློ་བཟང་རྒྱ་མཚོ་ blo bzang rgya mtsho | Lobsang Gyaco (羅桑嘉措) | Lobzang Gyatso Lopsang Gyatso | |
6. | Tsangyang Gyatso | 1683–1706 | 1681 | 1697–1706 | ཚངས་དབྱངས་རྒྱ་མཚོ་ tshang dbyangs rgya mtsho | Cangyang Gyaco (倉央嘉措) | ||
7. | Kelzang Gyatso | 1708–1757 | ? | 1720–1757 | བསྐལ་བཟང་རྒྱ་མཚོ་ bskal bzang rgya mtsho | Gaisang Gyaco (格桑嘉措) | Kelsang Gyatso Kalsang Gyatso | |
8. | Jamphel Gyatso | 1758–1804 | 1760 | 1762–1804 | བྱམས་སྤེལ་རྒྱ་མཚོ་ byams spel rgya mtsho | Qambê Gyaco (強白嘉措) | Jampel Gyatso Jampal Gyatso | |
9. | Lungtok Gyatso | 1806–1815 | 1807 | 1808–1815 | ལུང་རྟོགས་རྒྱ་མཚོ་ lung rtogs rgya mtsho | Lungdog Gyaco (隆朵嘉措) | Lungtog Gyatso | |
10. | Tsultrim Gyatso | 1816–1837 | 1820 | 1822–1837 | ཚུལ་ཁྲིམས་རྒྱ་མཚོ་ tshul khrim rgya mtsho | Cüchim Gyaco (楚臣嘉措) | Tshültrim Gyatso | |
11. | Khendrup Gyatso | 1838–1856 | 1840 | 1844–1856 | མཁས་གྲུབ་རྒྱ་མཚོ་ mkhas grub rgya mtsho | Kaichub Gyaco (凱珠嘉措) | Kedrub Gyatso | |
12. | Trinley Gyatso | 1857–1875 | 1860 | 1893 (está incorreto)–1875 | འཕྲིན་ལས་རྒྱ་མཚོ་ ‘phrin las rgya mtsho | Chinlai Gyaco (成烈嘉措) | Trinle Gyatso | |
13. | Thubten Gyatso | | 1876–1933 | 1878 | 1885–1933 | ཐུབ་བསྟན་རྒྱ་མཚོ་ thub bstan rgya mtsho | Tubdain Gyaco (土登嘉措) | Thubtan Gyatso Thupten Gyatso |
14. | Tenzin Gyatso | | nascido em 1935 | 1937 | desde 2000 (atualmente em exercício) | བསྟན་འཛིན་རྒྱ་མཚོ་ bstan ‘dzin rgya mtsho | Dainzin Gyaco (丹增嘉措) | Tenzing Gyatso |
Residências
Entre a era de Lobsang Gyatso e o exílio de Tenzin Gyatso, os Dalai Lama passavam o inverno no Palácio de Potala e nos meses de verão deslocavam-se para Norbulingka, ambos em Lhassa. Em 1959, durante a ocupação chinesa do Tibete, o 14º Dalai Lama foi levado para a Índia por motivos de segurança através dos esforços diplomáticos de Jawaharlal Nehru, o então primeiro-ministro indiano. Desde então, o Dalai Lama tem residido em Dharamsala, no estado de Himachal Pradesh, onde Gyatso pôde estabelecer a Administração Central Tibetana.
Referências
- ↑ ab O título de Dalai Lama foi um nome póstumo para o primeiro e segundo Dalai Lamas.
Ligações externas
Tenzin Gyatso | |
---|---|
O décimo quarto Dalai Lama | |
Reinado | 17 de novembro de 1950 - presente |
Antecessor | Thubten Gyatso |
Primeiros ministros | |
Tibetano | -benzóico. |
Wylie | Bstan 'dzin rgya mtsho |
Pronúncia | [Tɛ tsĩ càtsʰo] |
THDL | Tenzin Gyatso |
Pai | Choekyong Tsering |
Mãe | Diki Tsering |
Nascermos | 6 de julho de 1935 Taktser , Amdo , Tibet |
Assinatura |
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